A pesquisadora e jornalista Brenda Taketa mostrou como tecnologias de mapeamento e cadastro ambiental podem acentuar desigualdades históricas durante sua participação na primeira Oficina promovida pelo Laboratório de Humanidades Digitais (LABHD PUC-Rio), no campus da Gávea.
A Oficina “Tecnologias Digitais e Desigualdades no Campo Ambiental”, realizada nos dia 11 e 12 de maio, faz parte das iniciativas previstas pelo Projeto Faperj “Ecossistema de Formação e Inovação para a Sociedade Digital, Inclusiva e Sustentável”, numa parceria com a PUC-Rio. O Laboratório de Humanidades Digitais é uma iniciativa dos Centros de Ciências Sociais (CCS) e de Teologia e Ciência Humanas (CTCH).
Brenda Taketa, que é doutora em Desenvolvimento Socioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da Universidade Federal do Pará (UFPA), enfatizou a centralidade da luta pelo acesso à terra para as questões ambientais contemporâneas, com destaque para a região Amazônica.
“Não conseguimos falar da Amazônia sem considerar a palavra diversidade. Ela está em tudo, na quantidade de espécies vegetais e animais, na extensão do território, nos povos que a habitam”, discorreu para os participantes da Oficina. Brenda propôs pensar o espaço amazônico a partir do impacto das tecnologias digitais, dizendo que não é possível dissociar essas tecnologias de seus efeitos sociais imediatos.
Para a Coordenadora Acadêmica do LABHD PUC-Rio, professora Luisa Lobato, o novo laboratório da PUC-Rio está em sintonia com os desafios apresentados por Brenda. “Além do objetivo de capacitar nosso corpo docente e discente tecnicamente no uso de ferramentas, temos a missão de estimular um debate crítico sobre o próprio uso da tecnologia e seus impactos. Estes questionamentos são fundamentais”, ressaltou.
Brenda destacou a necessidade de discutir o tema de forma interdisciplinar, de modo a não perder de vista as dinâmicas sociais complexas da região. Isso inclui a relação entre modelos econômicos que geram aumento do desmatamento e as violências sofridas por populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas locais. Um ponto de destaque foi a análise de como diferentes soluções de mapeamento, acesso à Internet e registro de propriedades incidem sobre essas dinâmicas socioeconômicas e são por elas afetadas. Com base nesta contextualização, no segundo dia, os participantes foram instigados a analisar os pontos fortes e fracos de duas iniciativas, um app e um sistema que utiliza drones, de mapeamento do território.
O LABHD PUC-Rio preparou um ciclo de oficinas e cursosaté o fim do ano. O calendário completo de atividades está disponível no site oficial do Laboratório (http://laboratoriodehumanidadesdigitais.usuarios.rdc.puc-rio.br/oficinas-e-cursos-2023)