Iris: Tecnologia Assistiva leva acessibilidade aos pilotis da PUC-Rio

O Fastway, lanchonete localizada nos pilotis da Ala Kennedy, recebeu placas com QR Codes e um piso tátil na segunda-feira, 4 de março. Trata-se de uma ação do projeto Iris: Tecnologia Assistiva, classificado no segundo Edital InterCriar, que visa trazer acessibilidade para deficientes visuais em restaurantes. O edital é uma iniciativa da Faperj, para fomentar inovação e interdisciplinaridade na graduação da PUC-Rio.

O objetivo do Iris: Tecnologia Assistiva é que estabelecimentos registrem seus cardápios no aplicativo. Desta forma, clientes cegos e com baixa visão podem acessar o menu por meio de um QR Code, instalado nas mesas com identificação em braille, e escutar as opções do através de seus celulares. 

O grupo é liderado pela aluna egressa de Administração da PUC-Rio Livia Guedes, em parceria com Luiz Pasolini, de Desenho Industrial, e tem orientação da professora Ruth Espínola de Mello, do Departamento de Administração. A ex-aluna contou que a ideia surgiu quando ela estava nos pilotis, e viu uma deficiente visual passar com um cão guia.

— Pensei em como ela faria se quisesse pedir comida em algum restaurante, sozinha, sem que outra pessoa precisasse interferir. A gente vê algumas iniciativas para incluir pessoas surdas, mudas, com paralisia cerebral, mas falta inclusão para o público deficiente visual. Por isso criei o Iris, que pode ajudar também analfabetos e semianalfabetos – explicou

Segundo ela, no caso do FastWay foi necessário a implementação do piso tátil, para que as pessoas com deficiência visual possam se orientar no trajeto entre as mesas e o caixa, mas cada local tem a sua especificidade.  

As primeiras atendidas pelo Iris foram duas alunas do Instituto Benjamin Constant (IBC), instituição de ensino para deficientes visuais. Daiane Santana, de 29 anos, atualmente está cursando o 3° ano do ensino médio, e ouviu falar sobre o aplicativo pela primeira vez na Feira de Ciência e Tecnologia da escola.

— Achei sensacional. É muito legal, porque nos dá autonomia para escolher o que a gente quer, sem que alguém precise ficar repetindo. Às vezes a pessoa fala muito rápido, e a gente esquece, ou fica indeciso. Com o aplicativo, posso ouvir quantas vezes quiser.

Márcia Faria Ferreira, de 50 anos, colega de classe de Daiane e aluna do curso técnico de piano da IBC, pontua que a questão também perpassa a vulnerabilidade e a exposição da pessoa com deficiência à intolerância. Ela conta que, por vezes, ao pedir para escutar o menu, percebe a impaciência dos funcionários e se sente constrangida.

— Nos lugares que convivo, normalmente a acessibilidade é péssima. Acho que a tecnologia, quando usada de forma correta, é um caminho para superar essa questão, e nos dar mais conforto.  

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